Sou dos que acreditam que pessoas podem ser políticas sem se ligar a nenhum partido, como também podem ser religiosas sem pertencer a nenhuma religião. No inverso, sei que não é por estar num partido que a pessoa se faz política, assim como não é por seguir uma religião que se torna religiosa.
Exatamente por acreditar em algumas coisas e ver que outras pessoas acreditam em coisas diferentes, aprendi a respeitar tanto minhas crenças quanto as alheias. Elas são formas distintas, nem certas nem erradas, de se deparar com o mundo e de interpretá-lo.
Essa introdução me parece necessária para comentar um pequeno trecho do recente e polêmico discurso do Papa na Alemanha, fora da questão religiosa, ligada a modos de pensar. Numa das passagens ele afirmou o seguinte:
“No mundo ocidental é amplamente aceito que apenas a razão positivista e as formas de filosofia baseadas nela são universalmente válidas.”
É triste dizer, mas aí Sua Santidade ou errou de século ou de universo. Não foi pouco. Sua razão positivista (cega por se achar a única forma válida de pensar), provocou essa inútil celeuma no mundo das religiões. E agora se defende dizendo que os outros é que o entenderam errado. Típico.
..^..
Capítulo I do livro Sete Saberes, de Edgar Morin:
“É necessário introduzir e desenvolver na educação o estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão.”
Observações muito lúcidas, Ne.
Lá se vai quase 1 século que o positivismo sucumbiu à sua incapacidade de dar conta das quentões que envolvem o indivíduo em sociedade.