o que é nanotecnologia

Para quem ainda não tem a dimensão das vantagens e, principalmente, dos problemas trazidos pela nanotecnologia, vale a pena dar uma olhada nos vídeos produzidos pela RenanosomaRede de Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente. Este abaixo é o primeiro da série O Futuro é Agora:

Mais vídeos nas páginas da Renanosoma (nota-se fácil que este nome foi dado por cientistas, não por publicitários) no YouTube e no GoogleVideos.

ornitóptero

A palavra do dia é Ornitóptero e a definição vem do site Gambiarra: “máquina voadora com asas, que imita aves ou insetos – remete ao tempo de sucessivas experimentações e falhas até culminar com a invenção do avião por um conhecido gambiarreiro”.

DelFly MicroA diferença para os aviões comuns é que nestes a elevação é gerada através de uma asa fixa. Ornitópteros funcionam como pássaros: o motor provoca o batimento das asas e estas criam as condições para voar.

Tem ornitóptero de todo tamanho, até um robozinho de apenas 3 gramas, 10 cms de asas que carrega uma microcâmera. A libélula-espiã voa em DelFly.

a construção do novo homem

Os genes vão ficar em segundo plano na palestra de terça-feira (01/04) que dá seqüência à programação cultural paralela à exposição Revolução Genômica, em cartaz no Pavilhão Armando de Arruda Pereira (a antiga sede do Prodam), no Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo. Às 17h, Esper Abrão Cavalheiro, 58 anos, professor titular de neurologia experimental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), fala sobre o tema “Tecnologias convergentes e a construção do novo homem”.  A entrada para a palestra, que ocorre no auditório do pavilhão da mostra, é gratuita. Recomenda-se fazer reserva para a apresentação por meio do site www.revolucaogenomica.com.br (clique no item “Atividades Culturais” e escolha o evento desejado). A programação cultural da mostra (veja o cronograma de eventos) está a cargo da revista Pesquisa FAPESP.

As chamadas tecnologias convergentes, um conceito formalmente forjado neste século 21, formam uma vasta área de interação da pesquisa em nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e ciência cognitiva com potencial para alterar profundamente os mais variados aspectos da vida do ser humano no futuro próximo. Da junção de conhecimentos dessas disciplinas científicas, pode surgir um cenário que, em alguns casos, beira a ficção cientítica. Setores totalmente distintos, como a defesa militar, a saúde e o próprio limite físico do homem, poderão sofrer alterações radicais com a ascensão das tecnologias convergentes.

Ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e atual assessor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Cavalheiro no momento se dedica a fomentar o debate na sociedade brasileira sobre o impacto potencial das tecnologias convergentes. O neurocientista não quer que o país se mantenha à margem das discussões sobre a nova área.

não me achei

Eu sabia que a coisa ia longe na Classificação de Lineu para os seres vivos (taxonomia), mas Catarrinos, faça o favor, é demais. Será que ainda podemos sugerir alterações? Veja, na tabela abaixo, aonde nos situaram:

REINO: Animal
FILUM: Cordados
– – CLASE: Mamíferos
– – – ORDEN: Primates
– – – – SUBORDEN: Anthropoidea
– – – – – INFRAORDER: Catarrinos
– – – – – – SUPERFAMILIA: Hominoidea
– – – – – – – FAMILIA: Hominidae
– – – – – – – – GÉNERO: Homo
– – – – – – – – – ESPECIE: sapiens
– – – – – – – – – – SUBESPECIE: sapiens

Essa classificação lembra o que diz Edgar Morin, no prólogo do livro Amor, Poesia, Sabedoria:

“A idéia que se possa definir homo, dando-lhe a qualidade de sapiens, isto é, de um ser razoável e sábio, é uma idéia pouco razoável e pouco sábia. Homo é também demens : manifesta uma afectividade extrema, convulsiva, com paixões, cóleras, gritos, mudanças brutais de humor; traz em si uma fonte permanente de delírio; crê na virtude de sacrifícios sangrentos; dá corpo, existência, poder a mitos e deuses da sua imaginação. Há no ser humano um salão permanente de Ubris, a desmesura dos Gregos.

A loucura humana é fonte de ódio, crueldade, barbárie, cegueira. Mas sem as desordens da afectividade e as irrupções do imaginário, sem a loucura do impossível, não existiria entusiasmo, criação, invenção, amor, poesia.Do mesmo modo, o ser humano é um animal não só insuficiente em razão mas também dotado de sem-razão.

Todavia, temos necessidade de controlar homo demens para exercer um pensamento racional, argumentado, crítico, complexo. Temos necessidade de inibir, em nós, o que demens tem de mortífero, mesquinho, imbecil. Temos necessidade de sabedoria, que nos pede prudência, temperança, cortesia, desprendimento.”

inverno, um mês antes

greenpeaceA temperatura baixou terrivelmente em Sampa. Difícil é saber, em época de mudança climática, se esse frio é um indício do que vem por aí no inverno ou se já é todo o inverno que teremos no ano.

Antigamente, isto é, até o ano passado, em maio ocorria o conhecido veranico – uns poucos dias quentes lembrando verão. Será que teremos em junho?

Segundo o CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), os impactos das mudanças incluem, “aumento na frequência de ondas de calor e diminuição de ondas de frio”. A ver. Brrrr.

exoplanetas telúricos

corotQue título, hem. Quase um trava-língua. Mas é assim que se chamam os planetas fora de nosso sistema solar em condições de abrigar vida semelhante a da Terra. E é atrás de planetas desse tipo que partirá do cosmódromo de Baïkonour, Cazasquistão, daqui uns dias, a primeira caravela estelar, batizada de CoRoT.

CoRoT é um satélite apelidado de caravela por carregar, mais do que sofisticados instrumentos, a expectativa de descobertas celestiais extraordinárias, comparáveis, na devida proporção, às da época das grandes navegações oceânicas, 500 anos atrás.

O satélite permitirá estudar a sismologia estelar (estrutura e evolução das estrelas) medindo variações na intensidade das luzes e vibrações emitidas pelas estrelas com precisão jamais alcançada. Aliada a longos períodos de medidas em cada região do céu, levará à detecção, pela primeira vez na história da humanidade, de planetas muito distantes. Estima-se que “CoRoT” descobrirá cerca de mil planetas gigantes do tipo de Júpiter e uma centena semelhantes à Terra.

Participação brasileira na missão “CoRoT”

O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP coordena a participação brasileira na missão espacial “CoRoT”. Vários de seus docentes estão envolvidos em projetos observacionais com o satélite. É a primeira vez que os astrônomos brasileiros participam da construção de um satélite científico tendo os mesmos direitos que seus parceiros europeus na exploração dos dados colhidos.

corot

diversidade e diversão

O outro lado dessa coisa boa que é curtir a vida, a natureza, e tudo o que há de interessante nela, é que a vida, a natureza, e tudo o que ela tem de misteriosa, também gosta de curtir com a nossa cara.

revista fapespO exemplo das previsões sobre o código genético feitas por cientistas (em busca de recursos) e por políticos (em busca de votos) é notório. Em junho de 2000, o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, fizeram maior alarde sobre o tema (como se vê na matéria Decifrado o Mapa da Vida).

Depois foi aquele fiasco de dizer bem baixinho que a coisa não era bem assim e que o segredo da vida seria revelado pela bem mais complexa proteômica.

Mesmo que o vexame tenha ensinado a baixar a bola na criação de expectativas, os genes parecem dispostos a tirar uma onda com cientistas, políticos e, por tabela, conosco, o distinto público. A idéia de que haveria um genoma humano padrão, isto é, de que seríamos 99,9% iguais uns aos outros (geneticamente falando)  foi devidamente enterrada. Veja mais na Revista Fapesp.

fuvest inova

Gostei de saber que os exames da primeira fase da FUVEST, este ano, não serão mais divididos por matérias. Junto com as questões de caráter interdisciplinar, inseridas já em anos anteriores, a iniciativa revela um grau de amadurecimento e avanço na direção do pensamento complexo.

Aos vestibulandos e cursinhos restará desenvolver novas estratégias para enfrentar as provas, mas isto, se encarado com tranquilidade, não será grande problema, pois já não estamos mais na época em que o escritor Howard Phillips Lovecraft (1890-1937) externou essa preocupação:

h p lovecraft“Uma das maiores misericórdias do mundo, penso eu, é a incapacidade da mente humana correlacionar todo o seu conteúdo. Vivemos numa plácida ilha de ignorância em meio a negros mares de infinitude, e não fomos designados a ir longe. As ciências, cada qual avançando em sua própria direção, até agora nos causaram pouco dano, mas há de chegar um dia onde a junção das peças soltas de nosso conhecimento abrirá visões tão terríveis da realidade, e de nossa assustadora posição nela, que só nos restará enlouquecer perante a revelação ou fugir da luz fatal para a paz e a segurança de uma nova Idade das Trevas.”

mestres em despolítica

“A política tem mais parte com o absurdo do que com a ciência. Parte dos que acreditam que ela é uma ciência pensam que tudo está a correr bem. Não é um absurdo?”

Renato Lessa, professor de teoria política do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro), autor do livro “Presidencialismo de Animação“, aborda o problema da despolitização brasileira, na Folha de São Paulo:

O partido [PT] sempre foi a reunião de grupos bastante distintos, e cada um percebia no Lula o que queria ver. Algo assemelhado ao que Freud denominava “onipotência do pensamento” – dificuldade de dissociar processos mentais internos com o que de fato se passa no mundo.

O sindicalista puro e apolítico aparecia como uma sublime oportunidade de tábula rasa política para que nele os verdadeiros revolucionários inscrevessem o roteiro da salvação (laica e religiosa, àquela altura).

Mas é preciso dizer que essa despolitização não é exclusiva do Lula. O que foi a candidatura Alckmin? O que é o “choque de gestão”? O supergerente? Também uma proposta despolitizada e despolitizadora.

Supondo que seja útil ao país, o que seria, nessas alturas, politizar?

o rei da adaptação

Veja bem, isto não é sacanagem, vem de um blog sério, de um estudioso e pensador, o neurofilósofo. Ele avisa aos que, como eu, atribuiam ao camaleão a honra de ser o rei da adaptação, isto é, da camuflagem, que tem bicho muito mais ‘esperto’ por aí se passando por uma coisa sendo outra: lulas e polvos em geral.

O video abaixo mostra, em um minuto, como o câmera se aproxima de um polvo camuflado e ele troca de cor, antes de soltar sua defensiva cortina de fumaça e se mandar. A magia fica mais nítida quando o filme é passado de trás pra frente, em câmera lenta. Vai vendo.

O que fascina os biólogos é que, diferente dos répteis, anfíbios e crustáceos, nos quais a cor da pele é resolvida por um processo hormonal, nas lulas este processo é neural. Mal comparando, seria como a diferença entre um sistema analógico e um digital. Mais rápido, maior poder de variação e, portanto, de enganação. Não é brinquedo.

tiktaalik

Esse post é para o amigo que gosta de nomes estranhos. Nas pesquisas sobre origens, achei uma entrevista com o paleontólogo Alexander Kellner, da UFRJ, co-autor da descoberta brasileira do maior dinossauro carnívoro que habitou o Mato Grosso há 80 milhões de anos. Ele fala sobre o Tiktaalik, animal que preenche a lacuna entre os peixes primitivos e os primeiros vertebrados a dominarem terra firme.

QUEM LÊ JORNAL SABE MAIS: Podemos dizer que a evolução dos seres (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) teria origem nos peixes primitivos? Quantas espécies teriam resultado desta adaptação à terra?

KELLNER: Para a primeira parte da pergunta, a resposta é imediata: sim. Lembrando que a história é mais ou menos assim. Primeiro surgem os peixes, que se diversificaram em vários grupos diferentes. A partir de um determinado grupo de peixes (do qual faz parte o Tiktaalik) se originaram os primeiros vertebrados terrestres (chamados de tetrapoda, como o Acanthostega e o Ichthyostega). Depois houve uma diversificação destes com o surgimento dos anfíbios, gerando vários grupos (como os sapos e rãs). Um destes grupos acabou dando origem aos répteis e um outro aos sinapsídeos. Tanto os répteis como os sinapsídeos se diversificaram e deram origem a outras formas. No caso dos répteis, acabaram surgindo os dinossauros e, destes, as aves. No caso dos sinapsídeos, os mamíferos. A segunda parte da pergunta é complexa…

[ a segunda parte, complexa? tá tirando uma. segue:]

… A partir dos primeiros vertebrados terrestres – como o Acanthostega e o Ichthyostega – houve uma diversificação tremenda, que deu origem a todas as espécies de tetrápodes atuais, incluindo o homem. Assim, todas as espécies de vertebrados que vivem em terra firme, ou no ar (como as aves) e algumas no mar (como a baleia) surgiram com a evolução destas formas primitivas.

Tem outro desenho do bicho com cara de jacaré-bocó na wikipedia.

Mas daí, o seguinte: a entrevista está no site QUEM LÊ JORNAL SABE MAIS, hospedado na globo.com. Quando tentei copiar partes do texto ele me apresentou a seguinte janelinha de ‘diálogo’:

globosem.png

Então ‘dialogando’ com a janelinha: eu tava com pressa e não solicitei autorização prévia, fui no código fonte e copiei de lá para não ficar errando nomes à tôa, essas coisas. Espero que a Globo não se incomode com isso, da mesma forma que não me incomodei em ter esse trabalho a mais para copiar. E aproveito para fazer um elogio à Globo: apesar de muitos atrasos de vida, nem tudo o que ela produz é lixo.

planetas, satélites, mundos

A novidade do dia – que já explicaram, não altera o dia a dia – é a mudança de categoria de Plutão. Uns dizem rebaixamento porque ele deixou de ser Planeta, mas isso é pura mania humana de a tudo hierarquizar, seja na Terra como no céu.

via lactea

A recategorização revela o quanto ainda somos auto-referentes, isto é, nem passou pela cabeça dos 2.500 astrônomos reunidos em Praga questionar se a Terra ainda é um planeta. Tenho minhas dúvidas e meu argumento é o seguinte: existe outro corpo celeste no universo que fabrique seus próprios satélites e produza lixo espacial? Planetas fazem isso?

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Falar em satélites, aí está a primeira imagem da Terra feita da Lua (precursora das que inspiraram o presidiário Caetano Veloso). Sabe quando foi tirada? 23 de agosto de 1966, exatos 40 anos e um dia atrás.

terraterra.png

dia do pai

Permito-me, como pai, singularizar esta data, tremendo 13 de agosto, e escapar do jogo mercadológico que se faz em torno. Se merecemos reconhecimento e comemoração, não creio que seja nos moldes incentivados pelo comércio, via o artifício dos presentes comprados.

Sempre disse aos meus filhos que preferia um desenho, texto ou escultura (já fizeram até com mandioca), uma geringonça qualquer que fosse de sua própria expressão e elaboração, por mais ‘pobre’ que pudesse parecer (e nunca parece porque nunca é).

Não que eu rejeite camisetas, livros, cedês ou algo no estilo que me chegue com carinho, mas porque essas coisas, no final, induzem à uma saída fácil (fora o desembolso financeiro e a camelada) e a uma certa preguiça de elaborar o que se sente, que pra mim é onde a coisa mais pega.

celulaEnfim, blablabá. Esse post foi para contar como começou meu dia: minha filha menor falando que amanhã tem prova de ciências e que gostaria que eu a ajudasse a estudar, depois do almoço. O assunto da prova é células, a dificuldade está em compreender as organelas, já ouviu falar?

“Bem, eu respondi, o que posso é aprender com você, pesquisarmos juntos, pois quando tive isso na escola – faz tempo – sabia-se muito menos e ‘ensinava-se’ de outro modo, resumo: se alguém me ensinou, já esqueci”.

E taí, para quem quiser saber mais sobre organelas. Sobre saber como ser pai, é esse dia a dia que vale mais do que qualquer comemoração, que nos ensina. Interessantes, as organelas.

rebola bola: paixão pelo futebol

rebola bolaMesmo quem não curte futebol ou, como eu, já curtiu e desencanou, não pode se afirmar desafetado pelo esporte, por tudo o que ele representa e interfere na cultura, na política e na economia nacional e mundial.

Assim, não é estranho que cientistas sociais, antropólogos, historiadores e outros estudiosos se dediquem ao fenômeno futebol, compondo novas e interessantes visões no último Dossiê ComCiência. O texto que mais gostei trata do despertar e da canalização da paixão pelo futebol, e das gozações e expressões de preconceitos que ela traz à tona.

brasil x argentina “O futebol permite, em certa medida, uma desculpa para ser preconceituoso sem ser tão politicamente incorreto. É como se o futebol criasse uma espécie de exceção, em que pode-se falar tudo, porque, no fim, é só futebol”, assinala o antopólogo Renó Machado. O texto comenta o destempero irônico vazado pela imprensa entre alemães e italianos, bem mais divertido e estiloso do que as manjadas tiradas entre brasileiros e argentinos.

Posts antigos sobre o tema:

-> a graça do futebol

-> caixinha de surpresas

glub glub

toxic colaResumo da história para quem acha que coca-cola é o máximo: Segundo pesquisas do Centro para a Ciência e o Ambiente, entidade que investiga questões de interesse público na Índia, refrigerantes da Coca-Cola e da Pepsico vendidos naquele país contém 24 vezes mais resíduos tóxicos de pesticidas do indicado pelas normas da União Européia.

Este índice é considerado altamente perigoso para a saúde humana. Os pesquisadores do Centro recolheram 57 amostras de refris carbonatados engarrafados em 25 diferentes fábricas espalhadas por 12 estados da Índia e detectaram em média um coquetel de três a cinco pesticidas em todas as amostras.

Aqui no Brasil, não se tem notícia de qualquer investigação semelhante, por isso é bom deixar as barbas de molho em algum líquido não contaminado. Mas talvez a coisa não tenha mesmo jeito. Comentando com alguns amigos esse papo da coca-cola com tóxico, eles me perguntaram: “e é mais cara que a comum?”

das tags à web semântica

Mais um livro de trabalho entrando na fila de espera, enquanto viajo na história, na ficção e na linguagem com Mia Couto em O outro pé da sereia:

“A viagem não começa quando se percorrem as distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores.”

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ailton feitosaPrometido para chegar às livrarias este mês, o livro de Ailton Feitosa trata do desafio de organizar a informação na web. Até aí, é mais um título na prateleira. Me interessa é ver como ele encaminha a proposta do subtítulo das tags à web semântica, pois é onde reside um dos maiores nós dessa empreitada.

Tags, para quem não sabe, são palavras com as quais a gente categoriza posts, documentos, sites, sem grandes preocupações hierárquicas.

São uma forma popular de semi-estruturar as informações, mas são muito abertas, polissêmicas, para responder aos atuais propósitos da web semântica.

bons ventos, lá fora

wind powerA capacidade de geração de energia elétrica a partir dos ventos (eólica) teve um acréscimo global em torno de 24% em 2005, segundo os dados do Earth Policy Institute. A média anual da última década beira os 30%.

É a fonte de energia limpa que mais cresce no mundo, sendo a Europa responsável por dois terços (40.500 megawatts) de toda a produção (59.100 megawatts).

Enquanto isso, no Brasil, dos 27 projetos de energia eólica aprovados em 2004, só dois estão em obras: o de Osório (RS), com 150 mw, e o do Rio Grande do Norte, com 49,3 mw.

cybugs: os insetos cyborgs

whale_wspaA Sociedade Mundial de Proteção Animal (WPSA) inaugurou este mês, em Londres, uma exposição itinerante de fotos com o pior e o melhor no tratamento dispensado aos animais em várias partes do mundo. A mostra deve passar por Dinamarca, África, Brasil e Canadá, ainda este ano.

Enquanto isso, as pesquisas com animais correm soltas, também produzindo seus melhores e piores momentos.

Bom exemplo vem do American Institute of Biological Sciences que publicou um recente estudo sobre a contribuição dos insetos para a economia dos Estados Unidos. No mínimo, ameniza o preconceito de que esses bichinhos só causam prejuízo e desconforto.
Além de produtos conhecidos, como mel e seda, o estudo avaliou a participação dos insetos no controle de pragas, na melhoria de estercos e adubos, nos processos de polinização e, por fim, sua contribuição, nem sempre espontânea, para a cadeia alimentar.

Feitos os cálculos, os pesquisadores chegaram ao montante de U$ 57 bilhões, valor considerado conservador pois ainda existiriam outras contribuições mais dificeis de mensurar.

Armas de guerra

cyborg_bugsPor outro lado, a DARPA (Defense Advanced Research Projects Agency), dos EUA, outrora responsável pelo embrião da internet, revela grande interesse em pesquisas que visam transformar insetos (e outros animais) em sensores teleguiados camuflados.

Experiências de implantes neurais são realizadas há anos em ratos, cachorros, macacos, tubarões e sabe-se lá em que mais.

Nos insetos, as interfaces bioeletromecânicas, ou Hybrid Insect Micro Electro Mechanical Systems (HI-MEMS), seriam implantadas no estágio em que a larva se transforma em casulo, como no esquema ao lado.

Em teoria, os insetos poderiam incorporar o chip em seus sistemas nervosos durante esta fase da metamorfose, tornando-se remotamente controláveis ao final do processo.

Os especialistas dividem-se entre excitados, espantados, céticos e irônicos. O biólogo e professor da Universidade de Minnesota, PZ Myers explica em seu blog que dada a complexidade do sistema nervoso dos insetos, essa experiência equivale a colocar um boeing 747 nas mãos de uma criança.

Em pesquisas anteriores com vespas e abelhas, DARPA até registrou um certo sucesso inicial, mas os efeitos se anulam com o tempo. Consta que abelhas até podem ser treinadas para reconhecer pessoas, mas daí a saudá-las e obedecer ordens é outra história.

Na matéria da BBC da qual tirei o esquema acima, o entomologista Dr George McGavin, da Universidade de Oxford, afirma que é muito improvável conectar o aparato tecnológico aos terminais nervosos certos dos insetos, principalmente no que se refere ao controle de vôo.

mib2.jpgDe modo geral, quase todos concordam que há boas chances de que os insetos possam cooperar na detecção de explosivos pelo olfato, mas controlar vôo e outras atitudes seriam coisas mais da ordem da ficção.

Se é assim, além de considerar a iniciativa lamentável, penso que talvez o que o pessoal da DARPA consiga mesmo nessas tentativas é recuperar o prestígio e o emprego desses dois caras aqui ao lado, mister Jones e mister Smith, the men in black.