balada do cachorro louco

Aproveito a notícia de que Lenine prepara o lançamento de seu Acústico MTV para 27 de agosto e lembro que no mês do cachorro louco essa balada fere rente, fere rente:

mad dogEu não alimento nenhuma ilusão
Eu não sou como o meu semelhante
Eu não quero entender
Não preciso entender sua mente
Sou somente uma alma em tentação
Em rota de colisão
Deslocada, estranha e aqui presente

..^..

Por falar em MTV, não pode passar batida essa afirmação de Zico Góes, diretor de programação da emissora em entrevista à Folha:

Folha – Muito se fala em jabá nas rádios. Na MTV existe jabá?

Góes – Na MTV não existe jabá. Pressão sempre vai ter, porque as gravadoras, bem ou mal, são parceiras nesse negócio ou parte da parceria tem a ver com elas. Os videoclipes são dos caras, os artistas são deles. Mas a MTV manda nela mesma.

😉

o conforto dos teus braços

uere

Composição: João Linhares
Ilustração: Ana Quartin (ver)
Canta: Rita Ribeiro (escutar)

Oito horas de vôo num concorde
Cinco dias num barco mar adentro
Sete noites dormindo ao relento
Sete ciganas lendo a minha sorte
Quatro dias, em pé, no trem da morte
Vinte léguas montado num jumento
Sete mil flores no meu pensamento
E eu trilhando os últimos espaços
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

Valentia de pai e de irmão
Concorrência com o astro do momento
Temporal, tempestade, chuva e vento
Holocausto, hecatombe e tufão
Desemprego, palestra e sermão
Tititi, coqueluche, casamento
Pé de ponte, mansão, apartamento
Paparazzi, sucessos e fracassos
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

Ladroíce, mutreta, malandragem
Álcool, droga, barato, passamento
Amnésia, larica, esquecimento
Roubalheira e má politicagem
Cabaré, palacete, sacanagem
Fome, greve, motim, acampamento
Confusão, batalhão, fuzilamento
Reclusão, solidão, sonho aos pedaços
Pra ficar no conforto dos teus braços
Qualquer coisa no mundo eu enfrento

filosofia do batuque

acorda povoAcorda Povo é uma festa religiosa que tem origem na cultura escrava do Nordeste. Os fiéis começavam a ganhar as ruas nas primeiras horas de 23 de junho, e ao toque de tambores, danças e cantorias, marchavam em comemoração a São João.

O cortejo tinha como objetivo acordar o povo para participar da comemoração, e a festa acabava ao amanhecer do dia com muitas brincadeiras.

Em Carapicuíba-SP, o objetivo do grupo Acorda Povo é praticamente o mesmo dos festejos nordestinos.

“Chamamos o povo não para celebrar São João, mas para acordá-lo das injustiças sociais, da violência, do preconceito, do racismo e da desigualdade. Acreditamos em uma democracia”, filosofa Moxé.

As letras, todas compostas pelos integrantes do Acorda Povo, reivindicam melhorias no sistema político e social do País. “Os políticos tiveram a oportunidade de estudar, chegaram ao poder e nada fazem por nós. Precisam assumir seus cargos com responsabilidade”.

O vocalista mudou-se para São Paulo há pouco mais de cinco anos. Teve uma infância difícil em Recife, chegando a morar na rua. Hoje, ensina capoeira, artes e música aos jovens pobres de Carapicuíba.

“A música, a vontade de fazer música e de seguir essa tradição é que nos tirou dos caminhos ruins da vida”, afirma Obará. “Ainda existe muito preconceito, discriminação. Só continuamos porque há pessoas que acreditam em nós e nos dão apoio", explica Badia.

Músicas

As canções do Acorda Povo são carregadas de protestos contra o sistema, a pobreza, a desigualdade e ao preconceito contra as minorias.

Em ‘Catimbó', Moxé procura passar um pouco da vida difícil que teve nas ruas de Recife, e abre a música com uma verdadeira declaração de amor ao que faz:

“Minha religião é o amor,
minha filosofia é o tambor”
.

Fonte: CotiaTodoDia

alento

“L’eau, si on sait l’entendre, si on en apprend la langue, ouvrira toute la connaissance des êtres et des choses.”
~ Le ru d’Ikoué – Yves Thériault

O escritor canadense Yves Thériault ficou célebre por suas histórias sobre esquimós, todas elas carregadas de enorme sensibilidade, respeito e ensinamentos sobre a vida simples daquele povo e sua relação com a natureza, isto é, a água.

A frase acima, de um de seus livros, significa mais ou menos o seguinte:
Se soubermos escutar a água, aprendermos sua língua,
isso nos abrirá todo o conhecimento dos seres e das coisas
“.

frriiiooMuito bom saber disso porque sempre tive a esquisita impressão de ficar melhor informado sobre o que acontece no mundo em apenas quinze minutos sentado nas rochas ou na areia observando o mar, ouvindo seu rumor, do que assistindo uma semana inteira de Jornal Nacional.

Capaz que exista algo de místico nisso, mas não posso afirmar porque, na prática, nunca assisti uma semana inteira de Jornal Nacional.

ouvir as cidades

seekersmallMapear os sons da cidade parece tarefa insana, mas se conduzida por estudiosos de ecologia acústica e arteiros vira um interessante experimento: NYSoundmap.

Músicos, engenheiros de som, arquitetos, filósofos e projetistas reúnem-se numa pesquisa transubjetiva, isto é, cujo modo de apuração e tratamento dos materiais não é dado de início por nenhuma metodologia.

Cada pesquisador envolvido parte de suas experiências profissionais e pessoais na captura de sons..protest_transport_celebrate depois junta-se as partes para estudá-las, estabelecer relações ‘inauditas’, que não foram previamente pensadas.

Para que serve isso? Bem, no mínimo, para revelar o novo, o desconhecido que habita ao nosso redor.