sustain ability

Uma coisa que admiro na língua inglesa é a flexibilidade para produzir novas palavras e expressões. Não sei se é mais uma característica da língua ou dos povos que a utilizam, mas sei que é muito útil para acompanhar ou provocar as transformações sociais que o planeta precisa para sobreviver.

o que é nanotecnologia

Para quem ainda não tem a dimensão das vantagens e, principalmente, dos problemas trazidos pela nanotecnologia, vale a pena dar uma olhada nos vídeos produzidos pela RenanosomaRede de Pesquisa em Nanotecnologia, Sociedade e Meio Ambiente. Este abaixo é o primeiro da série O Futuro é Agora:

Mais vídeos nas páginas da Renanosoma (nota-se fácil que este nome foi dado por cientistas, não por publicitários) no YouTube e no GoogleVideos.

erga-se

Em 2000, líderes de 189 países concordaram com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, um plano global para diminuir pela metade a extrema pobreza até 2015. Mesmo assim, todo dia 50 mil pessoas morrem como resultado da extrema pobreza, e a distância entre ricos e pobres aumenta.

FAÇA SUA PARTE Pelos Objetivos do Milênio e Contra a Desigualdade, para fazer com que governos, empresas e toda a sociedade cumpram suas promessas e compartilhem a responsabilidade – isto somente acontecerá se todos assumirmos este compromisso.

O LEVANTE-SE E FAÇA SUA PARTE é uma iniciativa da Campanha do Milênio da Organização das Nações Unidas (United Nations Millennium Campaign) e da Chamada Global pela Ação contra a Pobreza (Global Call to Action against Poverty – GCAP).

Cidadão ajuda ao pedir prestação de conta

Monitorar políticas públicas e exigir que os governos prestem contas são ações importantes que a sociedade civil pode pôr em prática para ajudar a cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (uma a série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015). A avaliação é do administrador-adjunto do PNUD internacional, Ad Melkert. “Uma sociedade civil forte permite que as pessoas, inclusive as mais vulneráveis, influenciem políticas públicas de todos os níveis”, disse ele em pronunciamento oficial.

“A sociedade civil influencia governos a prestar contas moral e financeiramente. Críticas podem lembrar governantes de países em desenvolvimento ou desenvolvidos das suas promessas de reduzir pobreza e exclusão social”, exemplifica. “Muitas organizações da sociedade civil têm provado ampla capacidade de mobilização e têm criado demandas que mantêm líderes comprometidos”.

A sociedade civil, observa, pode se organizar em cooperativas, organizações não-governamentais, instituições acadêmicas e associações de mulheres, jovens ou populações tradicionais. O engajamento, porém, não se limita às organizações formais. “Inúmeras pessoas estão envolvidas em ações voluntárias que fazem grande diferença”, destaca.

“Sociedade civil pode doar seu tempo, talento, experiência ou entusiasmo para os Objetivos do Milênio. Voluntariado pode ser um canal eficiente para os indivíduos auxiliarem no desenvolvimento”, afirma. Como exemplo, ele cita o Programa de Voluntários das Nações Unidas, e afirma que a iniciativa tem cerca de 8 mil voluntários de 160 países que trabalham para auxiliar comunidades e promover iniciativas em áreas como educação, saúde e saneamento.

Além disso, a sociedade pode colaborar promovendo ou apoiando campanhas que divulguem os Objetivos do Milênio, sugere Melkert. “Em 17 de outubro do último ano, 43,7 milhões de pessoas em 127 países literalmente se levantaram contra pobreza e pelos Objetivos do Milênio, quebrando um recorde mundial”. O exemplo diz respeito ao movimento Levante-se e faça sua parte pelos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio e contra a Desigualdade, que convidou os cidadãos a levantarem-se como forma de mostrar sua disposição de colaborar com as metas da ONU.

Fonte: PNUD

a difícil pacificação

common dreamsSei que um mundo sem armas é apenas um sonho distante, que é impossível acabar com os conflitos já que eles são elementos constitutivos dos humanos. Mesmo assim as notícias sobre aumento dos gastos militares me chateiam à beça. Parece que não paramos nunca de evoluir – em burrices.

Os gastos militares mundiais cresceram 37% nos últimos dez anos, segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês), que aponta a crescente disputa por recursos energéticos como um dos principais fatores que podem levar a conflitos armados nos próximos anos, inclusive na América do Sul.

Em 2006 a despesa total em armas dos Exércitos nacionais chegou a US$ 1,2 trilhão, informou o dossiê anual do instituto sueco, elevação de 3,5% em relação ao ano anterior.

A novidade no ranking dos maiores gastadores, que continua liderado com sobras pelos Estados Unidos, foi a China, que pulou da quinta para a quarta colocação e tornou-se o país com maior investimento militar da Ásia, superando o Japão.

Um dos destaques do relatório é a tensão causada pela preocupação dos países em garantir sua segurança energética: “A recente intensificação do debate sobre segurança energética foi motivada pela crescente demanda global por energia, um mercado de petróleo estreito e com altos preços e a perspectiva de um futuro de escassez de gás e petróleo”.

Fonte: FSP, via Jornal da Ciência.

inverno, um mês antes

greenpeaceA temperatura baixou terrivelmente em Sampa. Difícil é saber, em época de mudança climática, se esse frio é um indício do que vem por aí no inverno ou se já é todo o inverno que teremos no ano.

Antigamente, isto é, até o ano passado, em maio ocorria o conhecido veranico – uns poucos dias quentes lembrando verão. Será que teremos em junho?

Segundo o CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), os impactos das mudanças incluem, “aumento na frequência de ondas de calor e diminuição de ondas de frio”. A ver. Brrrr.

exoplanetas telúricos

corotQue título, hem. Quase um trava-língua. Mas é assim que se chamam os planetas fora de nosso sistema solar em condições de abrigar vida semelhante a da Terra. E é atrás de planetas desse tipo que partirá do cosmódromo de Baïkonour, Cazasquistão, daqui uns dias, a primeira caravela estelar, batizada de CoRoT.

CoRoT é um satélite apelidado de caravela por carregar, mais do que sofisticados instrumentos, a expectativa de descobertas celestiais extraordinárias, comparáveis, na devida proporção, às da época das grandes navegações oceânicas, 500 anos atrás.

O satélite permitirá estudar a sismologia estelar (estrutura e evolução das estrelas) medindo variações na intensidade das luzes e vibrações emitidas pelas estrelas com precisão jamais alcançada. Aliada a longos períodos de medidas em cada região do céu, levará à detecção, pela primeira vez na história da humanidade, de planetas muito distantes. Estima-se que “CoRoT” descobrirá cerca de mil planetas gigantes do tipo de Júpiter e uma centena semelhantes à Terra.

Participação brasileira na missão “CoRoT”

O Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP coordena a participação brasileira na missão espacial “CoRoT”. Vários de seus docentes estão envolvidos em projetos observacionais com o satélite. É a primeira vez que os astrônomos brasileiros participam da construção de um satélite científico tendo os mesmos direitos que seus parceiros europeus na exploração dos dados colhidos.

corot

democracia econômica

demo_eco1.gifDelinear horizontes é a arte do professor Ladislau Dowbor. Abrir trilhas que nos levem até eles é sua ciência. Em busca de um desenvolvimento humano diversificado e equilibrado, ele aponta a fraqueza das teorias econômicas tradicionais na explicação e condução dos fenômenos atuais, e nos convida a conhecer e buscar a Democracia Econômica, centrada na qualidade de vida:

“Andamos todos um tanto fracos na compreensão destas novas dinâmicas, oscilando entre visões tétricas do Grande Irmão, ou uma idílica visão da multiplicação das fontes e meios que levariam a uma democratização geral do conhecimento. A realidade, como em tantas questões, é que as simplificações não bastam, e que devemos fazer a lição de casa, estudar o que está acontecendo.”

Fazer política sempre foi visto por nós como atividade muito centrada no voto, no partido, no governo. Mais recentemente, surgiram atividades em que a sociedade civil organizada arregaça as mangas e assume ela mesma uma série de atividades. Está tomando forma cada vez mais clara e significativa a atividade econômica guiada por valores, por visões políticas no sentido mais amplo. As pessoas estão descobrindo que podem “votar com o seu dinheiro”.

a onda e a barca

Vem aí o documentário que inaugura um novo modo de fazer campanha política em tempos globalizados: An inconvenient truthUma verdade inconveniente.

verdadeconveniente.jpg

Dífícil imaginar a diferença do mundo hoje se Al Gore tivesse ocupado o lugar que ficou com Bush. Improvável que ele detivesse furacões, quando muito não os teria piorado. Guardadas as devidas proporções, esta comparação me levou a fazer outra, entre Lula e Alckmin. Partindo do pressuposto de que nenhum deles me convence, a quem prefiro fazer oposição?

Há sim distinções profundas entre os candidatos brasileiros, não só tomados parte a parte, como também contextualizados: o PSDB dominando São Paulo, Minas e boa parte do Congresso, tá de bom tamanho pra fazer oposição. Se Alckmim ganhasse, o governo ficaria insuportável, asfixiaria a já rala atmosfera política. Não sei se as pesquisas que colocam Lula 20 pontos à frente indicam uma intuição popular nesta direção ou outra coisa qualquer, mas estou nessa: dos males o menor, voto em Lula.

Agora, saindo da questão doméstica e voltando ao mundo maior, vale a pena ver o trailer, o site, comentários e principalmente o filme quando entrar em cartaz no mês que vem. Gostemos ou não, estamos na mesma barca e é preciso escolher o lado em que colocamos o peso do corpo (e das idéias) para tentar redirecioná-la.

Mantendo, claro, o espírito crítico de quem vê propaganda política bem produzida. Como lembra o influente ambientalista Bjørn Lomborg, Al Gore nos assusta com suas ondas de 6 metros invadindo os continentes, enquanto cientistas ligados às Nações Unidas dizem que a elevação do nível do mar atingirá 30 a 50 centímetros no próximo século.

o erro de se achar certo

Sou dos que acreditam que pessoas podem ser políticas sem se ligar a nenhum partido, como também podem ser religiosas sem pertencer a nenhuma religião. No inverso, sei que não é por estar num partido que a pessoa se faz política, assim como não é por seguir uma religião que se torna religiosa.

religar

Exatamente por acreditar em algumas coisas e ver que outras pessoas acreditam em coisas diferentes, aprendi a respeitar tanto minhas crenças quanto as alheias. Elas são formas distintas, nem certas nem erradas, de se deparar com o mundo e de interpretá-lo.

Essa introdução me parece necessária para comentar um pequeno trecho do recente e polêmico discurso do Papa na Alemanha, fora da questão religiosa, ligada a modos de pensar. Numa das passagens ele afirmou o seguinte:

“No mundo ocidental é amplamente aceito que apenas a razão positivista e as formas de filosofia baseadas nela são universalmente válidas.”

É triste dizer, mas aí Sua Santidade ou errou de século ou de universo. Não foi pouco. Sua razão positivista (cega por se achar a única forma válida de pensar), provocou essa inútil celeuma no mundo das religiões. E agora se defende dizendo que os outros é que o entenderam errado. Típico.

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Capítulo I do livro Sete Saberes, de Edgar Morin:

sete saberes“É necessário introduzir e desenvolver na educação o estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão.”

planetas, satélites, mundos

A novidade do dia – que já explicaram, não altera o dia a dia – é a mudança de categoria de Plutão. Uns dizem rebaixamento porque ele deixou de ser Planeta, mas isso é pura mania humana de a tudo hierarquizar, seja na Terra como no céu.

via lactea

A recategorização revela o quanto ainda somos auto-referentes, isto é, nem passou pela cabeça dos 2.500 astrônomos reunidos em Praga questionar se a Terra ainda é um planeta. Tenho minhas dúvidas e meu argumento é o seguinte: existe outro corpo celeste no universo que fabrique seus próprios satélites e produza lixo espacial? Planetas fazem isso?

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Falar em satélites, aí está a primeira imagem da Terra feita da Lua (precursora das que inspiraram o presidiário Caetano Veloso). Sabe quando foi tirada? 23 de agosto de 1966, exatos 40 anos e um dia atrás.

terraterra.png

enfim, a felicidade

comentei o absurdo de comparar as riquezas dos países pelos imprecisos e frios números do PIB (produto interno bruto). Nunca é demais lembrar a instigante fala do filósofo catalão Julián Marías:

No mercado de Olinda, que é um mercado pobre,
há mais alegria do que em toda a Suíça!

mercado de olinda

Claro que a frase deve ser tomada em seu sentido figurado, pois até que os suiços têm lá seu bom-humor.

schweiz

Importa entender é o espírito da coisa: alegria, felicidade, têm ligações mais estreitas com a soltura e a espontaneidade do que com a riqueza material e a dita ‘produtividade’.

Mudança de Paradigma

O “Happy Planet Index”, recentemente divulgado pela New Economics Foundation e pelo Friends of the Earth, contrapõe o nível de consumo de cada país ao impacto ambiental causado, e considera além da expectativa de vida também a “taxa de satisfação” com o próprio modo de viver de 178 povos do planeta.

vanuatuDisso resulta que o país mais feliz do mundo chama-se Vanuatu, um arquipélago localizado no Oceano Pacífico, próximo da Austrália.

Segundo o estudo, seus pouco mais de 200 mil habitantes aproveitam ao máximo os recursos da agricultura em pequena escala, da pesca e do turismo, para viver uma vida longa, sadia e cheia de prazeres.

Em termos de PIB, que para os estudiosos representa uma forma destrutiva de encarar o desenvolvimento, Vanuatu ocupa o 201º lugar das 233 economias medidas.

A felicidade italiana

Considerando o novo HPI entre os países do G8, a Rússia detém o pior índice ocupando o 172º lugar, os Estados Unidos aparecem em 150º, a França em 129º a Inglaterra em 108º, o Japão em 95º e a Alemanha em 81º.

A Itália, em 66º lugar, surge como a nação industrializada que explora seus recursos sociais e naturais da forma mais balanceada, obtendo em troca um nível melhor de bem-estar da população.

Outro dado interessante é que os 10 primeiros lugares no HPI são basicamente ocupados por países latino-americanos, enquanto nos 10 últimos estão países africanos e da europa oriental.

O estudo conclui que nos últimos 50 anos o padrão de vida dos países ocidentais evoluiu de maneira espantosa, mas nem por isso tornou seus povos mais felizes. Dá pra discordar?

bons ventos, lá fora

wind powerA capacidade de geração de energia elétrica a partir dos ventos (eólica) teve um acréscimo global em torno de 24% em 2005, segundo os dados do Earth Policy Institute. A média anual da última década beira os 30%.

É a fonte de energia limpa que mais cresce no mundo, sendo a Europa responsável por dois terços (40.500 megawatts) de toda a produção (59.100 megawatts).

Enquanto isso, no Brasil, dos 27 projetos de energia eólica aprovados em 2004, só dois estão em obras: o de Osório (RS), com 150 mw, e o do Rio Grande do Norte, com 49,3 mw.

paz.exe

Nunca ouvi o som dos detonautas ou se ouvi não prestei atenção. Só conheci o grupo recentemente pelas páginas policiais. A morte do guitarritsta Rodrigo Netto me levou ao blog deles e ao longo texto com o título acima, do qual tirei esse trecho:

Todo mundo pede paz.
Quando acontece uma tragédia como essa então…
Vários movimentos se sustentam nesse espírito
de um significado um tanto quanto confuso.

Já existiu um planeta terra totalmente em PAZ ????

Por outras vias, me chegam notícias melhores, de gente que sabendo estar no meio dessa encrenca de mundo e mesmo sem a perspectiva da paz total, não deixa de buscar e inventar alternativas, pequenas que sejam, como aliás me parece ser o trabalho dos detonautas.

Uma dessas alternativas é o site MusicMobe, que se destina a ser um ponto de encontro entre músicos e ativistas de causas sociais. Os músicos engajados, ao montarem suas agendas de shows, levam em consideração não só as possibilidades de faturamento como também de difusão e fortalecimento dessas causas. Os grupos ou movimentos ajudam na difusão e organização dos shows em suas áreas de ação.

cezar lopesOutra iniciativa, a escopetarra (escopeta transformada em guitarra), criada pelo músico colombiano César López, será apresentada na abertura da Conferência sobre Controle de Armas promovida pela ONU, a partir de 26 de junho próximo.

César López define a escopetarra como um instrumento de reflexão: "Al sobreponer la estructura de una guitarra sobre el rifle se obtiene un objeto que tiene una carga emocional muy particular, que habla de las respuestas que yo estoy dando como artista frente al conflicto, a la guerra, a la violencia, mi deseo mas profundo por terminar con el dolor y mi solidaridad con las víctimas".

descorromper

Pois é, falta menos de uma hora para o primeiro jogo do Brasil na Copa 2006. As cornetas tocam esfuziantes (embora fosse melhor tocar esfuzidepois), as pessoas se agitam para chegar logo em suas casas, dos amigos ou se ajeitar nos bares. Em pouco tempo a rua silencia e a tevê impera.

corromper.gifEnquanto isso, de camisa amarela, procuro em vão o verbo descorromper no dicionário. Isso é hora? Pior é o que diz lá: "A palavra descorromper não foi encontrada". Vixi.

Bóra relaxar e assistir o jogo então.

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Só lembrando que a palavra Corromper segue firme e forte, no dicionário e na vida real:

    Acepções
    verbo
    – tornar(-se) apodrecido ou estragado, deteriorar(-se)
    – perverter(-se) moral ou fisicamente
    – adulterar, alterar
    – subornar
    Etimologia
    lat. corrúmpo,is,úpi,úptum,umpère
    'destruir, estragar, corromper, prejudicar';
    Sinônimos
    adulterar, aviltar e poluir

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Boa sorte, Brasil !!

sabemos nada e já cansamos?

Por Mauro Celso Destácio *

Um debate desgastado. Esta é a imagem que se tem hoje das discussões sobre os organismos geneticamente modificados (OGMs), ou transgênicos. Argumentos contrários e favoráveis já foram expostos quase à exaustão. Alguns ponderados, outros extremados. Em meio ao marasmo decorrente do impasse, A controvérsia sobre os transgênicos: questões científicas e éticas, novo livro do filósofo Hugh Lacey, pela editora Idéias & Letras, traz ares de renovação ao debate.

ideias e letrasLançado em 26 de maio na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, onde Lacey é professor-visitante, o livro tem como principal mérito partir de argumentos tanto dos proponentes como dos críticos dos OGMs para, aí sim, se chegar a algumas conclusões – nem todas definitivas, como o próprio autor reforça ao tocar em questões como a da validade do chamado arroz dourado, transgênico com alto teor de vitamina A. Além disso, transcende a discussão sobre os organismos modificados, na medida em que apresenta conceitos relativos à ciência em geral.

Uma primeira leitura da obra pode induzir o leitor a pensar que Lacey se coloca contrariamente aos transgênicos. Não é bem o caso. A crítica fulcral do autor não se dá a essa tecnologia em si, mas ao uso que se faz dela, bem como à falta de estudos sobre outras formas de produção, como a agroecologia. Entra em questão, nesse ponto, o conceito de estratégia. Segundo Lacey, a ciência tem primado por seguir estratégias materialistas de pesquisa, que se evidenciam não apenas pelo interesse financeiro de empresas, como pela visão de parte dos cientistas, os quais, mesmo sem maiores pretensões de ordem econômica, acreditam que o ser humano tem como meta o controle da natureza.

Ainda que sem vínculos diretos, a adoção, pelo meio científico, de estratégias materialistas acaba por endossar práticas como as monoculturas de transgênicos, que podem causar sérios prejuízos à biodiversidade – enfim, não é a transgenia em si que provoca danos, mas o emprego desmedido dela.

[*] Boletim do Núcleo José Reis de Divulgação Científica.