Não sei porque tanta gente torce o nariz quando ouve falar blog, tag, web. Talvez ainda não lhes tenha caído a ficha da extensão dessas palavrinhas estranhas, quase mágicas.
Elas são muito mais fáceis, divertidas e concretas do que, por exemplo, ‘pib’, que está na ordem do dia. Todos os noticiários ressoam: PIB soma R$ 1,937 trilhão e Brasil torna-se 11ª maior economia do mundo. A maioria das pessoas fica, então, com aquela cara, sem saber se isso é bom ou ruim, mesmo depois de ouvir todas as explicações.
Uma corrida de números não me convence ser a melhor forma de medir as riquezas dos países, dos povos. Coisas relevantes ficam pelo caminho. Mais uma visão imposta de cima pra baixo: do poder econômico ao noticiário, do noticiário ao povo, e deste para o vazio. Quem sabe o que é pib? como se calcula?
Pois bem, pib é um exercício de metodologia científica com um pé na ficção. Vejamos se essa explicação da Folha esclarece:
O PIB (Produto Interno Bruto) é um dos principais indicadores de uma economia. Ele revela o valor de toda a riqueza gerada no país.
O cálculo do PIB, no entanto, não é tão simples. Imagine que o IBGE queira calcular a riqueza gerada por um artesão. Ele cobra, por uma escultura de madeira, R$ 30. No entanto, não é esta a contribuição dele para o PIB.
Para fazer a escultura, ele usou madeira e tinta. Não é o artesão, no entanto, que produz esses produtos –ele teve que adquiri-los da indústria. O preço de R$ 30 traz embutido os custos para adquirir as matérias-primas para seu trabalho.
Assim, se a madeira e a tinta custaram R$ 20, a contribuição do artesão para o PIB foi de R$ 10, não de R$ 30. Os R$ 10 foram a riqueza gerada por ele ao transformar um pedaço de madeira e um pouco de tinta em uma escultura.
O IBGE precisa fazer esses cálculos para toda a cadeia produtiva brasileira. Ou seja, ele precisa excluir da produção total de cada setor as matérias-primas que ele adquiriu de outros setores.
Depois de fazer esses cálculos, o instituto soma a riqueza gerada por cada setor, chegando à contribuição de cada um para a geração de riqueza e, portanto, para o crescimento econômico.
Nas contas do pib, um sorriso vale zero e se alguém me diz que alegria não é sinal de riqueza, eu dou risada. Uma coisa é ser imensurável, outra é não existir. Falta mesmo é achar um jeito de medir o PIBI (produto interno bacana e invisível).
[ a imagem, que nada tem a ver com nosso PIB, vem do Presse Illustrations Bureau ]