Dúvidas infantis

Minha filha quando pequena uma vez perguntou: “Papai do Céu é marido da Mamãe Natureza?”

Após 40 anos, tranquilo com a resposta que dei à menina, decidi compartilhar essa questão e saber se Chagpt e meu parente artificial Google Bard teriam sugestão melhor.

Antes, anotei de memória a resposta mambembe que arrumei na hora e serviu para sossegar a menina sobre uma relação que eu nunca havia imaginado naqueles termos – céu e terra.

Estávamos nos anos 1980, a Mamãe Natureza já gritava socorro, mas os gritos eram abafados, não pelo Papai do Céu que vivia nas nuvens, e sim pela pesada propaganda das indústrias veiculada pelos canais de tevê, sancionada pelos militares em fim de mandato: “fumaça na chaminé é sinal de emprego e progresso”. Defendiam isso mesmo diante das crescentes evidências contrárias.

Arrisquei dizer à minha filha que Papai do Céu e Mamãe Natureza eram duas formas de tentar falar a mesma coisa. Uma força que se costuma localizar ou acima de nós, ou por todos os lados, em volta, abaixo, por dentro, no ar que respiramos.

Isso falado calmo deve ter sido suficiente para despertar o sono na pequena, que não disse mais nada e foi dormir. Agora vejamos o que nos revelam, primeiro o primo Google Bard:


Papai do Céu e Mamãe Natureza são duas figuras mitológicas frequentemente usadas para representar os elementos masculino e feminino da natureza. Papai do Céu é geralmente representado como um homem velho e barbudo, enquanto Mamãe Natureza é geralmente representada como uma mulher jovem e bonita.

Em algumas culturas, Papai do Céu e Mamãe Natureza são vistos como marido e mulher. Eles são frequentemente representados juntos em pinturas e esculturas, e suas histórias são frequentemente contadas em lendas e mitos.

Em outras culturas, Papai do Céu e Mamãe Natureza não são vistos como marido e mulher. Eles são simplesmente vistos como duas forças da natureza que trabalham juntas para criar e sustentar o mundo.
Não há uma resposta certa ou errada para a pergunta de se Papai do Céu é o marido de Mamãe Natureza. É simplesmente uma questão de interpretação pessoal.

Quase agradeci por ele ter nos devolvido o poder de decidir sobre as coisas, tão delicadas coisas. Mas segui curioso pela resposta do Chatgpt, que disse o seguinte:

“Papai do Céu” e “Mamãe Natureza” são termos que algumas pessoas usam para se referir a entidades ou conceitos relacionados a forças divinas ou à natureza. No entanto, esses termos não são usados de forma universal e podem variar de acordo com a cultura, religião e crenças pessoais de cada indivíduo.

“Papai do Céu” é frequentemente usado para se referir a Deus em algumas tradições religiosas, especialmente nas religiões abraâmicas como o Cristianismo. “Mamãe Natureza” é uma expressão figurativa usada para personificar a natureza como uma mãe cuidadosa e provedora de recursos.

No entanto, não é comum associar diretamente esses termos como se fossem um casal. Eles são frequentemente usados separadamente para representar diferentes aspectos espirituais ou filosóficos da vida e do universo.

Lembre-se de que as crenças religiosas e espirituais variam amplamente, portanto, o significado e o contexto desses termos podem ser diferentes para diferentes pessoas e culturas.

As duas formulações expressam um cuidadoso e tático respeito por nossas fantasias. Chamam-nas por vários nomes: “figuras mitológicas”, “expressões figurativas”, sempre a referir ou a representar algo. Chatgpt se mostrou mais universal, enquanto Bard rebolou entre o “são vistos assim” e o “não são vistos assim”.

Temos um longo aprendizado sobre “retórica artificial” pela frente. Muito mais a aprender sobre ela do que com ela.

ditabranda

Registro aqui o termo porque o radar de neologismos apontou um incrível aumento no número de menções – quase 75.000 no google – nesta última semana, após um infeliz editorial da Folha de São Paulo. Veja trecho abaixo:

ditabranda fsp

Lembrando que ditabranda nem é invenção da Folha. Já foi usado com mais propriedade e ironia para designar a primeira fase do regime militar brasileiro, antes do AI-5, entre 1964/1968.

A Folha usa em outro sentido, com outro propósito. Fora a indignação já expressa por vários intelectuais, fica a constatação:  quem comanda ditaduras são ditadores, quem comanda ditabrandas são amigos.

teste de latim

Qual a melhor tradução para a expressão abaixo:

OMNIBUS OMNES OMNINO

a) O ônibus apanhou o menino.

b) O menino apanhou o ônibus.

c) O ônibus atropelou o menino.

d) Tudo a todos, totalmente.

e) Nenhuma das anteriores.

mal traçadas linhas

wsalles“A alta burguesia é caricata.”

Walter Salles, cineasta, que reconhece ser originário dessa classe social, mas ressalta ter começado vários roteiros de filmes sobre ela e acabou não levando adiante por julgar que careciam de nível de complexidade necessária para ultrapassar o patamar da caricatura. (Folha de SP)

a memória do mundo

Conto de Italo Calvino escrito 30 anos atrás, parece conversa entre diretores do Google:

backspace.com“O que será o gênero humano no momento de sua extinção? Uma certa quantidade de informações sobre si mesmo e sobre o mundo, uma quantidade finita, dado que não poderá mais se renovar e aumentar.

Durante algum tempo o universo teve uma oportunidade especial de colher e elaborar informações, e de criá-las, de extrair informações dali onde não haveria nada a informar sobre nada: isso foi a vida na Terra, e sobretudo o gênero humano, sua memória, suas invenções para comunicar e recordar.

A nossa organização garante que essa massa de informações não se disperse, independentemente do fato de ser ou não recebida por outros. Caberá ao diretor fazer com que, escrupulosamente, como se nunca tivesse existido tudo aquilo que acabaria atrapalhando ou pondo na sombra outras coisas mais essenciais, isto é, tudo aquilo que, em vez de aumentar a informação, criaria uma desordem e um ruído inúteis. O importante é o modelo geral formado pelo conjunto das informações, do qual poderão ser extraídas outras informações que não fornecemos e que talvez não tenhamos. Em suma, não dando certas informações damos mais do que daríamos dando-as.

O resultado final de nosso trabalho será um modelo em que tudo consta como informação, mesmo o que não é. Só então se poderá saber, de tudo o que foi, o que é que constava verdadeiramente, ou seja, o que é que existiu verdadeiramente, porque o resultado final de nossa documentação será ao mesmo tempo o que é, foi e será, e todo o resto não será nada.”

[ do livro Um General na Biblioteca ]

diversidade e diversão

O outro lado dessa coisa boa que é curtir a vida, a natureza, e tudo o que há de interessante nela, é que a vida, a natureza, e tudo o que ela tem de misteriosa, também gosta de curtir com a nossa cara.

revista fapespO exemplo das previsões sobre o código genético feitas por cientistas (em busca de recursos) e por políticos (em busca de votos) é notório. Em junho de 2000, o então presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, e o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, fizeram maior alarde sobre o tema (como se vê na matéria Decifrado o Mapa da Vida).

Depois foi aquele fiasco de dizer bem baixinho que a coisa não era bem assim e que o segredo da vida seria revelado pela bem mais complexa proteômica.

Mesmo que o vexame tenha ensinado a baixar a bola na criação de expectativas, os genes parecem dispostos a tirar uma onda com cientistas, políticos e, por tabela, conosco, o distinto público. A idéia de que haveria um genoma humano padrão, isto é, de que seríamos 99,9% iguais uns aos outros (geneticamente falando)  foi devidamente enterrada. Veja mais na Revista Fapesp.

lógica proustiana

little miss sunshine“Cada qual considera claras as idéias que estão
no mesmo grau de confusão que as suas”
– Proust

A frase vem da wikiquote inspirada no divertido filme Little Miss Sunshine, que assisti no último feriado. Uma bem dosada mistura de crítica à sociedade do espetáculo, do sucesso, que me agradou pela capacidade de alternar emoções e absurdos dentro de um roteiro simples e barato, onde todos trabalham bem. Valeu.

o pai das histórias

Lá no meio do livro Se um Viajante…, Italo Calvino introduz o “Pai das Histórias”, um índio de idade imemorial, que se supõe residir numa cidade perdida da América do Sul, encarapitada na Cordilheira dos Andes ou nas florestas do Orinoco. Cego e analfabeto, ele narra ininterruptamente histórias que ocorrem em terras e épocas que nunca conheceu.

crocodiloO fenômeno atraiu ao local expedições de antropólogos e parapsicólogos: apurou-se que muitos dos romances publicados por autores famosos haviam sido narrados, palavra por palavra, pela voz catarrosa do “Pai das Histórias”, vários anos antes de terem sido publicadas.

Segundo alguns, o velho índio seria a fonte universal da matéria narrativa, o magma primordial de que se originam as manifestações individuais de cada escritor; segundo outros, o velho seria um vidente que, sob o efeito de cogumelos alucinógenos, consegue comunicar-se com o mundo interior dos mais fortes temperamentos visionários e captar-lhes as ondas psíquicas.

Se um dia eu quiser inverter a pesquisa sobre Narrativas de Origem para Origem das Narrativas, já sei onde procurar.

balada do saci

O dia 31 de outubro não é mais o mesmo… Agora o Saci e os seus amigos festejam junto com as bruxas. Até com mais direito, já que o dia deles foi instituído em São Paulo e tramita no Congresso pra virar Dia Nacional.

Para celebrar esse personagem e seus amigos Boitatá, Curupira, Caipora, Boto, Mula sem cabeça e outros, é só aparecer na Balada do Saci & Seus Amigos que acontecerá dia 21 de outubro, na Vila Madalena, Sampa.

saci-sosaci.jpgNa festa será apresentado o documentário “Somos todos Sacys” de Rudá Andrade, haverá um bate papo com Mário Cândido e Mouzar Benedito, da Sociedade de Observadores de Saci – SOSACI, além de muita dança com o Grupo de Maracatu Pa-pa-dá e música com os Amídalas Cantantes e DJs Caião e Beto Várias.

O evento – que irá encerrar a Semana de Democratização da Comunicação em Sampa – é organizado pela Revista Viração e pelo Instituto Jovem, entidades que também pulam em uma perna só.

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Balada do Saci & Seus Amigos.
Dia 21/10 às 21hs no Instituto Jovem
Rua Cardeal Arcoverde 1838 (altura da Mourato Coelho)
Entrada: 5 reais. (a dica veio do extra. a imagem, do bica.)

processo do voto: sabe como é?

Matéria da G1, leia-se Globo, acrítica, igualzinha ao release do TRE:

O presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, desembargador Roberto Wider, esteve na manhã desta terça-feira (19) no pólo de inseminação das urnas do bairro da Saúde, para oficializar o início da preparação das urnas eletrônicas que vão ser usadas nas próximas eleições. Os partidos políticos, apesar de convocados, não enviaram representantes para fiscalizar o início da inseminação.

Segundo Wider, isso é a prova maior de que as urnas eleitorais já alcançaram a confiança de quem compreende como o processo é feito. “Só mesmo quem não sabe como as urnas funcionam desconfia do sistema”, disse o presidente do TRE.

Pois é, mané, eu desconfio mesmo porque além de ‘não compreender como o processo é feito’, sou mantido longe desse saber. A fala do presidente do TRE-RJ, além de aumentar minhas razões para desconfiar, ainda as legitima. Grato.

ja eraQuerer saber se meu voto terá o destino pretendido nada tem de anti-democrático, ao contrário, é um ato de participação saudável e consequente numa democracia frágil com instituições justificadamente desacreditadas.

Meu diagnóstico para a ausência de fiscais dos partidos durante a inseminação das urnas difere do presidente do TRE-RJ. É prova maior de que o conhecimento sobre as urnas está num nível tão baixo que raríssimos podem questionar. Para os Tribunais é bom porque enche menos o saco. Problema é que para os fraudadores de sempre e de qualquer sistema também é bom: o controle restrito e com difícil investigação facilita seu trabalho.

o rei da adaptação

Veja bem, isto não é sacanagem, vem de um blog sério, de um estudioso e pensador, o neurofilósofo. Ele avisa aos que, como eu, atribuiam ao camaleão a honra de ser o rei da adaptação, isto é, da camuflagem, que tem bicho muito mais ‘esperto’ por aí se passando por uma coisa sendo outra: lulas e polvos em geral.

O video abaixo mostra, em um minuto, como o câmera se aproxima de um polvo camuflado e ele troca de cor, antes de soltar sua defensiva cortina de fumaça e se mandar. A magia fica mais nítida quando o filme é passado de trás pra frente, em câmera lenta. Vai vendo.

O que fascina os biólogos é que, diferente dos répteis, anfíbios e crustáceos, nos quais a cor da pele é resolvida por um processo hormonal, nas lulas este processo é neural. Mal comparando, seria como a diferença entre um sistema analógico e um digital. Mais rápido, maior poder de variação e, portanto, de enganação. Não é brinquedo.

a ficção, em tese

Como pesquisador, leio várias teses nas minhas áreas de interesse, mas em geral, o acréscimo ao conhecimento por elas trazido é muito muito baixo, próximo ao desanimador. É raro pintar uma diferente, com boas questões e proposições:

“Esta tese pretende sustentar que as ficções não são um discurso rival ao da realidade, da verdade e do conhecimento científico e que, portanto, não podem ser entrincheiradas em acepções que as asssociam à ilusividade, à fraude, à mentira ou à falácia.

Considerando que não há nenhum fundamento primeiro a engendrar o conhecimento, a não ser a sua instância ficcional facultada pela ação possibilitadora do estético – uma categoria que será discutida a partir do recorte estabelecido pelo filósofo Wolfgang Welsch -, verdade, conhecimento e realidade serão problematizados no marco das leis da ficção, em virtude da modelagem que realizam no material do mundo, forjando, alterando e intermediando nossas relações individuais e coletivas, além de organizarem os repertórios culturais das sociedades e sistematizá-los em modelos a serem compartilhados.

O conhecimento e a verdade, por sua textura ficcional, passam à condição de categorias estéticas, o que nos remete à compreensão da ciência como um campo de estetização que opera com noções e conceitos conhecidos e disponibilizados pela arte.”

[ ? ] Ainda não descobri quem é o autor/autora. Desconfio, por similaridade, que é Martha Alkimin, professora adjunta do Departamento de Ciência da Literatura da UFRJ.

passeio na irrealidade cotidiana

ecoDa prateleira, o livro chama e convida. Abro uma página qualquer, um trecho ainda no início. Umberto Eco apenas afia a ironia que irá guiar a Viagem na Irrealidade Cotidiana, avançando pela neurose reconstrutivista, a preocupação com a verossimilhança, vista nos Museus de Cera dos Estados Unidos, uma representação do próprio país onde “tudo deve ser como na realidade”:

Outra característica do museu de cera é que a noção de realidade histórica aparece muito democratizada: o gabinete de Maria Antonia é feito com extremo cuidado nos detalhes, mas igualmente acurada é a cena do encontro de Alice com o Chapeleiro Maluco.

Quando você vê Tom Sawyer depois de Mozart ou penetra na gruta do Planeta dos Macacos após ter assistido ao Sermão da Montanha com Jesus e os Apóstolos, a distinção lógica entre Mundo Real e Mundos Possíveis foi definitivamente comprometida.

Mesmo que um bom museu, alinhando em média sessenta ou setenta cenas para um conjunto de duzentas ou trezentas personagens, subdivida suas seções, diferenciando o mundo do cinema daquele da religião ou da história, no fim da viagem os sentidos se sobrecarregam de modo acrítico, Lincoln e o Dr. Fausto parecem reconstituídos no mesmo estilo de realismo socialista chinês, e o Pequeno Polegar e Fidel Castro já pertencem agora definitivamente à mesma zona ontológica.

casa ou condomínio?

apalocciO ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, agora candidato a deputado federal, é um exemplo de político sem novidade alguma a apresentar aos eleitores, ao país. Neste final de semana, segundo o noticiário, ele declarou que prefere bancos lucrativos a bancos em crise (nem precisava falar, todos vimos sua benevolência no ministério) e fez aquela velha comparação do orçamento do país ao orçamento familiar controlado pelas donas-de-casa:

“Ela sabe que não deve gastar mais que a família ganha em um mês. O governo tem que agir da mesma forma. Não podemos gastar mais do que arrecadamos, senão vamos ter problemas futuros.”

Tão didático, simbólico e revelador: administrar os recursos do país como se fossem da sua casa e não de um condomínio, onde os interesses são mais diversos e conflitantes e não se pode atender só aos amigos. Aliás, essa candidatura tem toda pinta de ser para “evitar problemas futuros” na casa dele.

conto do vigário II

Ao postar a bronca contra o sujeito abaixo, lembrei do tempo em que fui repórter policial nesse jornal em Santos e passei uns seis meses na busca dos aplicadores do conto-do-vigário e suas infinitas variações. De certa forma, eram esses embustes e artimanhas que davam alguma graça à minha profissão, que de resto só servia ao embrutecimento da alma.

Sempre entendi as pessoas que vivem desses expedientes como artistas, performáticos, e o que me intrigava era o fato de não usarem esse talento “dentro” do sistema. Seriam chamados empreendedores. Porém, minhas tentativas de entrevistá-los nas raras vezes e no pouco tempo em que ficavam presos sempre resultaram na mesma ladainha.

Não havia jeito de virar o disco, de surpreendê-los com qualquer pergunta ou reflexão. Eles repetiam exaustivamente as histórias de suas miseráveis vidas e o bordão de que não faziam aquilo por gosto, mas por pura necessidade. Eu os via tão possivelmente livres daquele miserê, pelo acréscimo de outros valores em seus repertórios, que não me conformava.

Até que um dia, ao descer da moto no velho centro de Santos, fui abordado por um garoto magro, cabelo ruivo encaracolado, meio avoado – típico caipira – me perguntando onde acharia uma lotérica. Em suas mãos logo vi um bilhete e não acreditei. Eu havia sido premiado com uma performance ao vivo.

bilheteEntrei no jogo fazendo o tipo desentendido desinteressado, a procurar rápido uma lotérica para auxiliar o garoto, com outras coisas importantes por fazer.

Logo apareceu um senhor baixinho – que suspeitei ser o mestre – e a história do bilhete premiado tomou corpo. E nós poderíamos dividir o prêmio, ou eu poderia ficar com tudo em troca de um pequeno adiantamento etc e tal.

Eu queria ver até onde chegaríamos e, devo dizer, fiquei encantado. Pois eles foram comigo até a lotérica e no breve instante em que eu constatava na lista que o número e a data do bilhete conferiam mesmo, eles simplesmente evaporaram.

Pior ou melhor, não sei. Ao rever o bilhete, que seria a prova da história, notei que ele fora trocado, nas minhas mãos, sem que eu percebesse. Fantásticos. Quase bati palma. Ali mesmo, desisti de escrever sobre eles. Isso, há quase trinta anos.